terça-feira, 1 de junho de 2010

Colóquio as histéricas de Freud.

À época da inauguração da psicanálise, Freud foi se distanciando do modelo tradicional médico e psiquiátrico que procurava explicar as patologias a partir de lesões orgânicas e neurológicas para a consideração de aspectos psicológicos e de fatores sexuais na etiologia das neuroses. Esta via conduziu-o à noção de conflito psíquico e à exploração do inconsciente. Um novo paradigma foi implementado com a passagem da observação das manifestações e expressões somáticas das pacientes histéricas e da concepção que prevalecia sobre o útero migrador para a escuta de um sujeito, cujo corpo era a sede de um sintoma que podia ser interpretado como uma metáfora e cuja fala era fecunda em revelar elementos recalcados. O discurso produzido pela associação livre ganhou destaque sobre um quadro de sintomas muitas vezes interpretado pelos psiquiatras como imaginação ou simulação. A palavra acolhida trazia a possibilidade de uma cura. À medida em que as mensagens inconscientes eram decifradas, superando a amnésia, liberava-se os sentidos ocultos com o alívio do sintoma. Ao lado da histeria, outros conceitos como inconsciente, recalcamento, identificação, defesa, trauma, fantasia e resistência foram sendo elaborados. Da hipnose à associação livre, a psicanálise prosseguia nas suas descobertas. Contudo, na atualidade, a subjetividade está marcada pela queda do Nome-do-Pai, pelo declínio dos Ideais e pelo Outro que não existe. Somos instados todo o tempo a testemunhar a não eficácia simbólica com o excesso e o mais de gozar operando nos novos sintomas. A palavra encontra seus limites diante do corpo suspenso, cortado, tatuado ou magérrimo, diante dos triunfos do gozo que desafia todas as medidas e todas as proporções. A degradação da lei, o pai desabonado e a busca frenética pelo gozo e seu ultrapassamento fundam novos estilos de vida e diferentes laços sociais entre as pessoas. No entanto, mesmo com o deslocamento dos holofotes para a especificidade contemporânea, a problemática sobre o desejo e sua satisfação persiste e a questão sobre a feminilidade permanece tanto para homens quanto para mulheres. Por um lado, é o contínuo lançar do desejo mais para a frente, para a insatisfação e, por outro, desde que o encontro com a sexualidade é acompanhado pela ausência de um saber sobre o sexo, não há no campo simbólico uma resposta adequada para o enigma feminino.Mas, se essas questões ainda se colocam, a interrogação já levantada por Lacan em 1977 se mantém pertinente: onde estão as histéricas sobre as quais se fundou a escuta psicanalítica de Freud? A paralisia clássica, os desmaios, as convulsões não são mais comuns, pois a organização da histeria tal como era conhecida foi certamente afetada pela decadência do pai, mas quais são os efeitos dessa decadência que a clínica atual revela? Na histeria, o desejo recalcado esconde-se detrás de uma máscara, porém, sob quais máscaras se apresentam hoje as histéricas?

PALESTRANTES E PALESTRAS:Célia Ferreira Montenegro: "Histeria: Considerações clínicas"
Dayse Stoklos Malucelli: "Com a versão da histérica"
Dulce Mara Gaio: “HISTERIAS DE ONTEM E DE HOJE”
Jandira Kondera: A confirmar
Nancy Greca de Oliveira Carneiro: "Ainda sobre a histeria"
Shirley Rialto Sesarino: A confirmar
Tânia Mara Kost: A confirmar


Texto produzido pelo Dr. Daniel Omar Perez.

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