segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Uma questão(s) sobre o seminário 23?

Com a vinda de Pura Cancina temos a oportunidade de confrontar-nos com questões a respeito de nossa prática clínica. Em nosso trabalho com crianças e adolescentes, uma queixa muito freqüente que nos chega tem relação com crianças que apesar de estarem na idade da alfabetização, não sabem escrever; e com menos freqüência, até adolescentes que constantemente são apontados pelos professores com dificuldades para escrever. E que apesar de freqüentarem a sala de recursos e o reforço, insistem em não produzirem um texto escrito por mais simples que seja. Muitas vezes essa dificuldade na escrita, está também associada à leitura: são incapazes de ler em voz alta, na frente dos colegas, das professoras, dos pais e da analista. O que nos leva a indagar o que estaria escondido como mensagem desse sintoma. Ou diríamos sinthoma?
E porque estabelecer uma relação com o seminário 23? Sob meu ponto de vista esse seria o seminário que vem tratar justamente da escrita, da escritura e da letra. Pra que alguém melhor que Joyce para dominar a língua escrita e assim mesmo ser capaz de criar uma linguagem? Isso está posto, mas de que maneira podemos tomar como recurso esse seminário tão difícil, em nossa prática com crianças que apresentam dificuldade na leitura/escrita? Que há um gozo aí até compreendemos, mas existe, ou deveria existir um savoir-faire nisso e de que forma podemos identificar?
Na verdade seria apenas Uma a questão a ser trabalhada, mas ao longo de uma breve reflexão surge outra série de dúvidas que podem estar relacionadas com esta. E podemos pensar também no manejo dessas questões na clínica com crianças e de que forma podemos nos utilizar dos significantes, que por vezes podem surgir aos nossos atentos ouvidos. Quem sabe Uma questão não para ser resolvida hoje e nem nesse momento, mas uma forma de articular a teoria com a prática. E mais adiante, quem sabe uma forma de lidarmos com a indagação que nos surge na clínica e que muitas vezes deixamos de articular como um recurso que pode nos acrescentar muito em nossa escuta e também na forma como conduzimos um tratamento de orientação psicanalítica.

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