segunda-feira, 26 de outubro de 2009

BFC e seus convidados.



Antes de tudo, começa com uma questão feita por Denise Cini: porque Lacan se utiliza da lógica? Pra que serve na nossa prática clínica?

O analista pode contar com o auxílio de operadores que forneçam suporte a prática clínica. Retoma a idéia com o grafo do desejo: que se trata de uma estrutura de pares ordenados - um fator relacionado ao outro. Antes do grafo era uma clínica dos significantes, uma articulação entre o simbólico e o imaginário, mais faltava o real. E já no seminário 5 - As formações do inconsciente - aparecem os primeiros apontamentos do grafo do desejo, mais tarde originados da metáfora paterna. E no grafo, aquilo que é do imaginário não é usado para interpretação.

S/s = topologia do inconsciente. , onde: o significado esta sob o recalque, através da barra de divisão.

Marca o rompimento com os pós-freudianos através da autonomia do significante: isso é um operador para a clínica. E só há clínica se houver a transferência, por isso Lacan apresentou o matema da transferência:


S → Sq
s (S1, S2, S3 )

onde: cálculo proposicional
Sq= significante qualquer, que é determinado pela cadeia significante e que vai de encontro ao saber inconsciente.


Transferência: S → Sq ,onde: o significante primário dá lugar ao significante qualquer por meio das retificações subjetivas que ocorrem durante as entrevistas preliminares.

Neste momento: -entrada em análise;
-passagem do sintoma queixa para o sintoma analítico,
através da construção da fantasia.
- modulação da implicação por meio da fala, em que o sujeito
possa pensar através de um modal lógico.

A partir de então, é possível sair do campo da gramática, para irmos ao campo do modal lógico. Quando fazemos essa passagem que é do cálculo proposicional para o cálculo modal surge espaço para a abertura de modeladores que saem da compreensão da síntese e da semântica, que saem da compreensão da realidade e permitem, finalmente a compreensão da esfera do real.

No seminário da Angústia.
A importância da negativização do falo, através da metáfora paterna, que não esta na realidade e nem na esfera do imaginário (não especularizavel) cujo matema é: -Ч/a. E também ressalta a importância do objeto a, com a quebra em definitivo entre o real e a realidade → objeto a / -Ч
O que devemos fazer: buscar símbolos desprovidos de significado e ficar apenas com a imagem acústica. Já que ao se negativizar há uma perda do objeto a através da redução do material clínico, para tratar desejo e gozo e para não dilatar ou inflar o discurso.


Começam as questões.

Elenice Milani: a redução do material clínico é o mesmo que a redução do imaginário?
Para exemplificar isso podemos pensar quando o paciente pergunta coisas sobre nós, a nosso respeito: neste caso o imaginário troca o pequeno a pelo grande A. Reduzir o material clínico na condução do tratamento é outra coisa: quando o sujeito constrói a fantasia, durante o tratamento analítico, já ocorre essa redução, há o enquadre da fantasia para lidar com a Angústia. È uma redução no âmbito gramatical. A outra redução é a do sintoma queixa para o sintoma analítico:

Topologia do inconsciente → Relação entre inconsciente e repetição

/ \
Automaton tiquê
Significante Real


*Sintoma marcado pelo trabalho da cadeia



$ Elementos fundamentais da simbolização
/ \ ↓

S1 ___ S2 Metáfora paterna.

a



Quando o sujeito esvazia a palavra do significado, isso vai descolar significante de significado, o que vem a ser a própria lógica, através do cálculo de predicados. E não se trata do setting mais do dispositivo analítico, e para isso vai operar reduções:

Linguagem natural ≠ linguagem artificial
Sintoma queixa → sintoma analítico

E para finalizar.
A medicina na atualidade tem avançado rumo às pesquisas genéticas e ao estudo dos genes, para solucionar os problemas de saúde da humanidade. Lacan nos dá a receita para a articulação da gramática com a lógica, nesse sentido a medicina é incapaz de dar conta do real. A gramática apenas, também não. A lógica sozinha muito menos. Trata-se de uma questão que esta em toda a comunidade científica, e que tem avançado muito. O que se sabe é que não é possível tratar do real no cérebro, diretamente do sintoma. É preciso tratar do real.

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