segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aceleração e depressão.

Programa apresentando ontem a noite pela série da rede cultura de televisão: Café Filosófico. Cujo módulo trata dos efeitos psicológicos da crise, ontem o tema tratado por Maria Rital Kehl foi “aceleração e depressão”.
A conferência começa com um vídeo de uma música de Paulinho da Viola que trata do tema do imediatismo na cultura atual. E nesse paradigma o capitalismo é o senhor do tempo, porque tempo é dinheiro. Para podermos fazer uma relação entre o tempo e a depressão, vamos investigar qual é o trabalho do psiquismo: seria basicamente de representar o objeto faltante, e o que conta aqui é o tempo de espera da satisfação pelo bebê recém-nascido. O grito do bebê faz a mãe vir e a vinda da mãe traz satisfação à angústia da criança e isso torna-se uma primeira marca dessa experiência e um primeiro trabalho psíquico que é um trabalho de alucinação. Vemos que ai existe os intervalos temporais. E num segundo momento que esse movimento acontece, vai permitir que a criança não alucine mais. Com isso, fornece representação para aquilo que falta, esse é o trabalho do psiquismo. E esses intervalos de tempo é o que vai permitir que o sujeito se constitua.
E como o tempo é medido pela nossa sociedade? Num primeiro momento o que contava eram os ciclos de colheita: trabalhava-se durante o dia com a luz do sol, colhem-se cada colheita em sua época, etc. Na idade média, o tempo era medido por um protótipo de relógio que ficava em cima das igrejas: o tempo era contado na hora das orações, no dia dos batismos e celebrações religiosas. E finalmente na época em que vivemos o tempo foi contado a partir da revolução industrial, quando era contado a partir do trabalho dos funcionários nas indústrias. Por isso que a forma da constituição do poder é o controle do tempo. A relação entre tempo, consciência e memória. Maria Rita cita uma série de autores que tratam um pouco dessa relação, e um deles diz que o presente não existe. A memória é o que prolonga o antes e o depois. Que é justamente o que o deprimido perde: o sentimento do depois. O deprimido vive num tempo que não passa, porque ele não deseja nada no depois. O presente na modernidade é comprimido, porque acontecem tantas coisas no nosso dia, a gente fala ao telefone em qualquer lugar e qualquer hora, encontra com pessoas, fala, conversa e no fim do dia, quando somos perguntados dizemos: “não tenho nada para dizer”. O efeito da aceleração temporal, já era tratado por Freud, em sua carta a Fliess e depois em Além do Princípio do Prazer, onde se analisa o trabalho da consciência como sendo uma espécie de anteparo para a chegada dos mais variados estímulos ao sistema percepção consciência.
Numa época em que não é permitido ser deprimido, como podemos entender que a depressão adquira um status de epidemia? Maria Rita, atribui a aceleração que marca a vivência temporal do sujeito desvaloriza a vida psíquica o que produz uma profunda sensação de vazio.


Veja esta palestra na íntegra pelo site cpflcultura.com.br

Um comentário:

  1. Adorei o blog! Se puder me visitar, vou adorar!http://sindromemm.blogspot.com
    Valeu!

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